DEADWOOD (DEADWOOD O FILME)
Este excelente western tem tudo a ver com a premiada série de 2004 a 2006 da HBO, que ganhou 8 Emmy e 1 Globo de Ouro, embora possa ser apreciado sem que se faça a vinculação. Mas o título em português (“O filme”) já faz a referência, porque o roteiro apresenta uma continuação dos fatos, vários anos depois, inclusive com os mesmos personagens principais. Lá, os acontecimentos contemplavam o ano de 1876 na Dakota do Sul antes de ser anexada ao Território de Dakota e aqui o filme (da mesma HBO) aborda o ano de 1889, época da fundação do Estado. O filme começa com a chegada de Calamity Jane à cidade e além dessa referência histórica há outras, sendo, por exemplo, Wild Bill Hickok personagem muito importante na primeira temporada da série, que também menciona Wyatt Earp e Búfalo Bill entre outros. O diretor Daniel Minahan (condutor de vários episódios de Six feet under, Game of thrones, True Blood, além da própria série Deadwood) faz um trabalho excepcional, inclusive quanto às tomadas e ângulos de câmera, fotografia, direção de arte, reconstituição de época etc…aliás, todos os elementos do filme são perfeitos, inclusive os personagens que se repetem já mais maduros, como os interpretados por Paula Malcomson (a prostituta), Timothy Olyphant (o delegado), Brad Dourif (o médico) e Molly Parker (a das posses): por esse motivo são aprofundados e criam vida palpável. Porém, o grande destaque do filme, assim como foi da série, é o ator Ian McShane, que ganhou anteriormente vários prêmios por sua marcante performance. O filme foi escrito por David Milch, o mesmo que criou e dirigiu a série e também muito premiado na época. O roteiro dispensa maiores comentários porque realmente de excelência (inclusive nas questões políticas e éticas tratadas, abordagem do racismo, homossexualismo…). Como disse um amigo, “diálogos inteligentes num mundo cão”. Um painel fascinante da época em que a barbárie do Oeste pouco a pouco ia cedendo vez à modernidade (telefonia incipiente, povoação mais intensa das cidades, fiscalização mais ativa e organizada da lei…), mas em que a violência e os instintos primitivos ainda tinham forte presença, fato que o filme também explora -e opõe- ao demonstrar que determinadas condutas inerentes ao ser humano não desaparecem apesar da passagem do tempo e da aparente evolução da humanidade. 9,2