TRUMBO
Este filme já teve o tema tratado por diversos outros, em épocas distintas. Mas agora, o foco se concentra em um renomado roteirista americano, que foi perseguido pelo Comitê de Atividades Antiamericanas, instituído logo após a Segunda Guerra para fazer uma caça aos comunistas e bani-los dos vários setores produtivos, mirando especialmente no pessoal do Cinema. O período da famigerada Lista Negra incrivelmente durou até 1975 e causou pavor, revolta e muitas injustiças. No caso, o filme mostra os efeitos dos atos do Comitê principalmente envolvendo Dalton Trumbo, que graças à intolerância desenfreada (pelo medo dos americanos de serem contagiados pelo regime comunista, principalmente com o advento da Guerra Fria), teve que criar pseudônimos para continuar assinando seus roteiros cinematográficos. O roteirista integrou o Hollywood Ten, como ficou sendo conhecido o grupo de artistas que se recusaram à submissão perante o comitê, defendendo a liberdade de pensamento com base inclusive na Primeira Emenda da Constituição Americana. Como dito, o tema já foi antes enfrentado, mas aqui existem dois diferenciais: a excelente atuação de Helen Mirren – como a repórter socialite poderosa da época – e principalmente a notável atuação de Bryan Cranston – que concorre ao Oscar de Melhor Ator no dia 28 de fevereiro próximo. Sobre ele, conta-se que após assistir à série Breaking Bad, Sir. Anthony Hopkins (que dispensa comentários), escreveu uma carta ao ator, não apenas cumprimentando-o, mas dizendo que foi a mais perfeita atuação que ele havia presenciado de um colega de profissão. Diane Lane está discreta, mas também perfeita em seu papel. Interessante também neste filme é que deixa transparente o nome de alguns artistas que foram fervorosamente defensores tanto de um lado, quanto de outro. Anticomunista de carteirinha foi John Wayne, por exemplo, ícone do Cinema ianque, assim como Gregory Peck e Ronald Reagan. E a favor da liberdade de pensamento e expressão se posicionaram Edward G. Robinson (perseguido pelo Comitê), o diretor Otto Preminger e o ator Kirk Douglas. No filme Exodus, que Otto dirigiu e em Spartacus que Kirk interpretou consta expressamente o nome de Trumbo como roteirista. Mas isso foi exceção e na realidade Trumbo – que havia assinado com nome falso o roteiro do premiado filme Arenas Sangrentas – apenas décadas depois conseguiu ser reconhecido pela autoria do roteiro e recebeu finalmente seu Oscar. Após o “the end”, vale a pena esperar passarem todos os créditos para ver a rápida mas emocionante entrevista do personagem real, quando fala do Oscar e da filha. 7,8