O HOMEM DE AÇO
Acho importantíssimo ressaltar de início que vi este filme, de 2013, em 3D e no Imax, o que dá uma diferença muito grande para quem vê em outros cinemas. Em razão desse fato, achei indescritível o que se vê no início do filme, em Krypton, na época do nascimento de Kar-El, o Superman: as imagens (e os efeitos especiais) nos provocam um deslumbramento tal, que é difícil não ficar de boca aberta o tempo todo…parece que só em sonhos pudemos conceber antes imagens parecidas. E Russell Crowe (carismático como sempre) no papel de pai do herói valoriza as cenas que aprofundam a importância da origem do herói, da própria sobrevivência daquele planeta e principalmente o lado emocional, de pai e mãe, enviando seu filho para um destino desconhecido enquanto todo o lugar ameaça desaparecer. O início do filme, portanto, nos faz pensar que apesar de tanto tempo e tantos filmes sobre o homem de aço, ali estava uma obra definitiva, afinal – e o estreante, Henry Cavill, vai bem no papel de super-homem-galã, além do quê o impacto e a sensibilidade de roteiro/diretor continuam em boa parte do início da vida do herói na terra, com sua família (o pai, Kevin Costner, a mãe Diane Lane – mas achei que ficou muito falsa a aparência de envelhecimento dela) e o grande dilema: tentar manter os poderes sobrenaturais em segredo, mesmo sofrendo bullying…Só que a partir de certo momento alguma coisa acontece e um filme que era ótimo vai enfraquecendo. Vão aparecendo furos, um ou outro probleminha de roteiro, a queridinha (e talentosa) Amy Adams, que faz o papel de Lois Lane tem uma relação com Clark que parece que vai engrenar, mas que acaba sendo é mal construída já a partir da infância de ambos (da qual não se lembram, estranhamente…), apenas havendo alguns lampejos interessantes. E na meia hora final, então, é que o filme comete o seu maior erro, sua grande (e para mim imperdoável) insensatez: o exagero. Há uma sucessão de cenas de destruição, creio que nunca vista em nenhum outro filme. É como se fosse reeditada uma cena daquelas famosas dos westerns, em que os frequentadores destroem um bar, mas em proporção bem maior: aqui, uma cidade é praticamente destruída, sem piedade ou critério artístico. É uma sequência tão grande e absurda, que acaba despertando o desinteresse e desvalorizando o filme, trazendo-o para um nível de média, média baixa, porque nesse ponto os estereótipos já estão dominando e a criatividade fica absolutamente rasteira, havendo algumas cenas simplesmente ridículas (a mãe de Clark sobrevivendo das cinzas da casa – sem que o filho tivesse se preocupado com ela instantes atrás…-, com o álbum de bebê é uma delas) e estereótipos até mesmo irritantes (o comportamento do exército e dos soldados, do próprio Perry White (Laurence Fishburne). Se no começo, o filme parecia ter a classe de um Batman, por exemplo, no final vira um filmeco de terceira, com olhos apenas no orçamento e em fãs de MMA e videogames. Claro, culpa de Zack Snyder, o diretor e que dirigiu anteriormente 300 e o ótimo Watchmen. Acho que a maioria das pessoas vai gostar muito do filme, mas eu achei uma pena…Mesmo assim, entretanto, a nota vai pela primeira metade e por uma ou outra cena espetacular e/ou de bom gosto. 7,8