SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA NOITE (A MONSTER CALLS)

Este é um filme tocante, de produção hispano-americana. E também impactante, pela forma escolhida para contar a história (belos e chocantes efeitos especiais). Na verdade, produto da imaginação e criação do personagem (garoto), que cria um monstro  colossal (a árvore – teixo – que cria vida e vira uma criatura…mas que conta fábulas…) para ajudá-lo a enfrentar uma situação muito difícil (a doença grave da mãe). O bullying na escola, as insinuações de homossexualismo, os conflitos familiares são elementos importantes mas que acabam apenas fazendo parte do amplo painel da infância retratado e de problemas de aceitação, de adaptação rumo ao mundo adulto (o filme enfatiza no início que ele é muito velho para ser criança e muito novo para ser adulto…).O rito de passagem com emoções verdadeiras, com mérito para todos os elementos do filme. Uma obra absolutamente invulgar, original e primorosamente acabada e que deveria, inclusive pelo roteiro, estar concorrendo a vários Oscar, até por exemplo no lugar daquele deprimente Manchester à beira mar. E o menino, o ator escocês Lewis MacDougall, que tem uma atuação soberba , dá de mil a zero no charlatão Casey Affleck. Entretanto, o filme foi totalmente ignorado pela Academia de Hollywood. O modo pelo qual o diretor resolveu narrar os fatos é impressionante e extremamente bem executado, com efeitos de imagem e som que engrandecem a obra e contribuem para conduzir o filme a um patamar de grandeza bastante considerável. Porque aliado à forma, há um conteúdo a ser considerado. Algo talvez não para todos os gostos, mas para ser absorvido e degustado por alguns, porém com sabores acentuados de qualidade. Inclusive em seu fecho, com a surpreendente descoberta. E até o título do filme em português foi feliz, ao contrário do que normalmente ocorre. O diretor é Juan Antonio Bayona, a mãe do menino Felicity Jones, a avó Sigourney Weaver e a voz do monstro de Liam Neeson.  9,0