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O MILAGRE NA CELA 7

Esses títulos de filme, como este, são horrorosos, porque contam alguma coisa importante sobre o filme ou induzem o espectador a pensar alguma coisa. O que estraga muitas vezes surpresas que deveriam ser preservadas. Neste caso talvez não tenha sido culpa da Netflix, porque o filme se baseou em outro mais antigo, de produção sul coreana. De qualquer modo, este já é um filme de grande sucesso e merecidamente, porque faz as pessoas se emocionarem e conta uma história bonita, de um modo que parece sincero e trazendo à tona sentimentos e valores universais, como afeto, amor, amizade, generosidade, injustiça, dor, sofrimento, ódio, vingança…A princípio soa um pouco como manipulação das emoções, entretanto o cinema turco realmente tem se notabilizado por contar ao longo de décadas boas e humanas histórias (muitas vezes misturadas em determinados contextos históricos ou políticos), não raro com alguns tons meio novelescos. Mas com notável evolução técnica, sem perder de vista os seus valores culturais e os elementos cinematográficos de valoriza: o elenco coeso (com raras exceções), a boa fotografia e sobretudo a trilha sonora, que acompanha, com as nuances desejadas, cada cena, propiciando a emoção que se pretende. E os filmes sempre despertam emoções além das que ele contêm: são as que residem em nós. E este, em vários momentos traz para o espectador o confronto entre a indignação diante da injustiça e a esperança/fé de que o justo prevaleça. O que também é um clichê, porém infalível. A tal “manipulação”, que é desejada até por grande parte do público, inclui aqui, principalmente, um pai “especial” (magnificamente interpretado pelo ator turco Aras Bulut Iynemli), uma filha com carinha, jeitinho e voz de anjo, portanto uma “irresistível fofura” (até dentucinha ela é, inspirando maior encanto) e uma avó, abnegada e sobretudo sábia. Basta ver o cartaz do filme para se entender perfeitamente de que se trata. E, de fato, essa combinação toda é “fatal” para os corações, até porque uma das mais belas coisas do mundo (senão a mais) é a relação envolvendo filhos e pais. E certamente uma das melhores coisas do mundo é ser amado por uma criança: a delícia do carinho físico e das palavrinhas é algo que se torna permanente. A história, então, segue um caminho mais ou menos previsível, mas sua parte final reserva momentos de grande suspense e tensão, inclusive podendo haver no desfecho grandes surpresas (sem mais spoiler).  O “recurso” do início e do final do filme (com a noiva) é interessante, pela mensagem positiva que traz e assim este filme continuará, com méritos, seu caminho de êxito, inclusive também junto à crítica, trazendo, em síntese, apenas duas advertências para ser mais bem aproveitado: deixar-se levar pela história (e pelas emoções) e reservar alguns lenços para uso eventual.  8,3