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O MARIDO DA CABELEIREIRA (LE MARI DE LA COIFFEUSE)

Neste filme francês de 1990 parece existir um desses relacionamentos invejáveis, mesmo reduzido a um ambiente físico restrito. Este é um filme para sentir e não propriamente para pensar. E quem se deixar levar pelos sentimentos e pela profundidade e alegria de seus momentos (incluindo as maravilhosas e, em parte, cômicas memórias de infância) poderá, quem sabe, definir o que seja, afinal, a felicidade. Mas, ao mesmo tempo, poderá surgir um paradoxo: as pessoas estarão preparadas para a plena felicidade ou lhes será insuportável a permanente sombra de seu fim? Este filme é um poema,  algo que foge do trivial e navega em um mundo quase metafísico, mostrando as faces de um relacionamento próximo do que muitos desejariam para o resto de suas vidas, onde parece existir a parceria ideal. Uma experiência de contornos estranhos, origem fetichista, meio melancólica, entretanto sensual, erótica, com cores de sentimentos reais e cercada de extrema doçura e da beleza poética da autêntica nostalgia. Uma aula de lirismo ministrada por um homem sensível, que nos faz rir com sua inocência e suas inusitadas coreografias de músicas árabes, em cenas que extrapolam o significado das próprias canções. E por uma misteriosa e bela mulher, de elegante recato, mas nos olhos a promessa de incêndios. Performances inesquecíveis de Jean Rochefort (que dá um show) e de Anna Galiena, com uma bela e delicada direção de Patrice Leconte (Um homem meio esquisito). Em suma, um tesouro escondido, pois se trata de um filme que não teve o sucesso que mereceria, embora indicado ao Cesar 1991 (Oscar francês) nas categorias de Filme, diretor, ator, roteiro, montagem, direção de arte e fotografia (era, porém, o ano de Cyrano de Bergerac, com Depardieu) . 9,0