O INSULTO

Este filme esteve entre os cinco finalistas para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O que não é pouco, considerando a grande quantidade de inscritos, do mundo todo. E merecidamente. E foi a primeira vez que um filme libanês ganhou tal honra. Na minha opinião, é o melhor dos cinco finalistas (todos com seus méritos!) e deveria ter ganho o Oscar. Venceu, entretanto, o filme chileno, talvez pelo “politicamente correto”, já que envolvia os dramas de um transexual. De todo modo, trata-se de um filme de alta qualidade, rico e com inúmeras virtudes. Um filme extremamente bem acabado em todos os sentidos, um roteiro excelente, interpretações primorosas (nem parecem atores), direção segura, edição, trilha sonora, fotografia, tudo perfeito. E a história, política e humana ao mesmo tempo, aborda um tema incômodo, pesado, forte, porém universal: o destino de certos povos, o ódio racial que o tempo não consegue resolver, provocado pelas fobias, pelas guerras, pelo passado, pela política, inclusive da intolerância…a partir de um fato trivial acende-se o estopim para grandes dramas, tristes, dolorosos e que parecem desencadear algo ilimitado…a questão inicial acaba nos tribunais, onde se tenta dar racionalidade aos conflitos de ódio entre cristãos libaneses e refugiados palestinos, mas há perigo no ar, permanentemente…Uma frase marcante do advogado: “ninguém tem exclusividade sobre o sofrimento.” Um estudo sociológico, histórico, psicológico de povos que vivem eternamente em lutas externas e internas. Grande mérito do filme é mostrar os conflitos íntimos dos personagens, que não conseguem se desvencilhar do seu passado e do que parece ser o seu destino, mas ao mesmo tempo não são estereotipados: possuem alma e, com isso, tanto um lado mau, como também um bom. Pode haver um momento ou outro de concessões do diretor, até na parte final, mas no todo é uma obra de fôlego e de peso! O ator Kamel El Basha, que interpreta Yasser, foi premiado como o melhor ator do festival de Veneza 2017.  9,0