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O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA

Seis anos depois de Rastros de ódio, novamente John Ford dirigiu um western estrelado pelo mito John Wayne (o maior dos cowboys)se bem que em 1959 houve Marcha de heróis, com Wayne e sobre a guerra da secessão. Só que aqui Wayne não brilha sozinho, estando muito bem acompanhado por outro mito: James Stewart, além de um vilão perfeito desempenhado por Lee Marvin e de um já competente aspirante a bandido, por Lee Van Cliff. E com a presença marcante de Vera Miles, que se torna discreto objeto de paixão de ambos os protagonistas: o pistoleiro e o professor pacifista. Em preto e branco, esse faroeste de forma inteligente (alguém narrando os fatos do passado) relata um tempo em que a violência e a barbárie do Velho Oeste ainda existiam, mas o progresso já começava a tomar corpo e iniciavam os anseios por ordem e por justiça, a política e a imprensa começando a mostrar suas armas. Mas resistindo ainda à vinda da civilidade (ainda mais em terras de ninguém), os monopólios dos ricos fazendeiros e dos desalmados bandidos, espalhavam a insegurança e o medo e a força e a violência ainda imperavam, aqui representadas por um nome temido por todos: Liberty Valance (Marvin). Aliás, o nome original do filme é “O homem que atirou em Liberty Valance”, sem bem que o título em português andou talvez até melhor, porque mantém tal fato em segredo. De todo modo e seja como for, um filme que retrata elementos humanos e históricos, mostrando os cidadãos sendo alfabetizados, tomando consciência de seus direitos, a imprensa iniciando seu importante papel e as pessoas com o firme desejo de progredir e de se organizar, trazendo o progresso e a ele se adaptando, para o bem de todos. Um filme com o lado da comédia que tanto apreciava Ford (o chamado alívio cômico), mas principalmente a aspecto já referido, inclusive do elenco (e do diretor, obviamente), que o transformou em um clássico do western, por absoluto merecimento. A direção perfeita e o encontro de duas das lendas do gênero, ainda mais desempenhando papéis revestidos de material humano genuíno, constituem algo fabuloso e até emocionante, notadamente para os fãs. Por fim, uma das frases do filme, que, pela profundidade, contexto e universalidade, ficou para sempre, ao declarar o jornalista: “Quando a lenda se torna um fato, nós a publicamos!”  9,0