NÃO FALE O MAL

Se olharmos apenas o conteúdo deste filme, ou seja, se nos limitarmos a ler o roteiro, teremos um conjunto de estereótipos, de clichês, em uma história absolutamente previsível por quem conhece cinema e já viu muitos filmes. Até porque, por sinal, trata-se aqui de um remake do filme dinamarquês de 2022, que é melhor. Assim, apesar de um detalhe ou outro, nada de novo no front e o roteiro pode até mesmo aborrecer uns e outros. Acontece que o diferencial deste filme é o seu acabamento. Que é construído com capricho, muito bem montado e desenvolvendo com sucesso duas virtudes que são essenciais para acompanhar uma boa história: uma direção competente e dinâmica (com trilha, edição, som, tudo formando um conjunto harmonioso) e atores e atrizes de qualidade. E isso aqui ocorre. Uma porção de lugares-comuns, mas com uma roupagem respeitável, na condução de James Watkins (costumeiro no gênero suspense/terror) e com um elenco que apresenta ótimas performances, de tal nível, que em algumas cenas o espectador chega a ficar realmente incomodado, efetivamente desconfortável e sob intensa emoção. Portanto, apesar da relativa pobreza do texto, temos aqui uma boa diversão, cinematográfica e que certamente agradará os fãs do gênero, assim como os admiradores do marcante protagonista, que é o “camaleão” James McAvoy, especialista no tema e que deu um banho há alguns anos no filme Fragmentado, no qual interpretou de forma brilhante diversos personagens e múltiplas personalidades. 8,3