THE LUNCHBOX

indiaDe repente somos inseridos na cultura da Índia. A pobre e superpopulosa Índia. Percebemos de um lado a diferença gritante entre aquela civilização e a nossa. Nossa tecnologia, nossos ícones sociais, nosso avanço cultural, acesso a tudo, enfim…De outro lado, também percebemos com clareza e perplexidade que por eles terem tão pouco, valorizam as pequenas coisas, coisas importantes e que passam despercebidas em nosso dia a dia. Como a boa comida, um diálogo que espelhe nossas almas, dentro de uma rotina que de repente se transforma em um estímulo diário de novas emoções. A entrega de marmitas de Mumbai é famosa e, dizem, infalível. A Índia é o país que faz mais filmes no mundo, superando inclusive os EUA. É tanta gente, que o talento nem sempre é valorizado. Naturalmente muito de sua produção – inclusive premiada com o Oscar – merece destaque. E este filme, da simplicidade extrai várias joias. Cenas do “homem comum” fazem nosso coração estreitar e expandir. Fazem refletir e emocionam. A essência está aí, nos deixarmos sentir, nos deixarmos livres para perceber e é o que faz o mérito deste filme. De um situação corriqueira e ocasional, extrai-se uma história muitíssimo interessante, emocionante, repleta de humanidade e doçura. O aprofundamento de uma relação anônima comove pelas revelações íntimas e retrata com precisão a solidão, o desamparo, a busca da felicidade. “Eu acho que esquecemos das coisas se não houver ninguém para falarmos delas”, frase aparentemente solta, mas pungente…Um canal insólito de comunicação foi criado e à medida em que vai se aprofundando, nossa alma vai sendo tocada aos poucos, maduramente. Em determinada cena, parece que somos nós que estamos prestes a ir para o primeiro encontro…Fascinante trabalho, com delicadeza invulgar…Reflexões sobre a vida, sobre a velhice…A realidade é palpável…A simplicidade cheia de significados… O que vale, afinal, é viver…O ator Irrfan Khan atuou em PI e desempenha de forma absolutamente real e natural, brilhantemente; o diretor, Ritesh Batra, um revelação…Uma frase: “o trem errado pode te levar à estação certa”. A maravilhosa atriz, Nimrat Kaur…A agonia do final…que não é certamente o fim! 8,8