GIRL
Produção belga de 2018 (Netflix), dirigida por Lukas Dhont, co-roteirista, concorreu a diversos prêmios e ganhou alguns, sendo exibido em Cannes na mostra paralela “Un certain regard”, festival onde ganhou o “Caméra d´Or”. É um filme com tema forte, tem vários momentos dolorosos e incômodos, porque trata da transsexualidade e dos seus dramas e angústias. Há instantes de drama intenso e até de terror, haja vista as angústias e os acontecimentos que se passam com a personagem, atormentada por conflitos emocionais. Além de ser baseado em fatos reais, o filme intensifica sua força dramática pela belíssima interpretação de Victor Polster (ou seja, um ator cisgênero interpretando uma mulher transsexual) e ficamos até imaginando como seriam enfrentados os fatos em um país de terceiro mundo, pois se trata de dilemas existenciais difíceis e corrosivos mesmo em um país desenvolvido, em um ambiente cultural elevado, com assistência médica de alto nível e com um pai não omisso. Interessante também o paralelo do árduo aprendizado do balé com os conflitos psicológicos da personagem. A fotografia também chama a atenção pela luminosidade. Cinema sério, corajoso (embora ao mesmo tempo delicado), mas denso e não indicado para todo tipo de público. 8,6