ERA UMA VEZ NO OESTE
Após dirigir a trilogia “Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares e mais” e “Três Homens em conflito” (“O bom, o mau e o feio”), Sérgio Leoni, quase no final da década de 60 dirigiu este, que é um dos mais belos westers/filmes do Cinema, com história escrita por Bernardo Bertolucci e Dario Argento e música composta pelo velho parceiro Ennio Morricone – aliás, para o diretor a música sempre foi muito importante nos filmes e a música da personagem Jill (interpretada por um dos ícones da época, Cláudia Cardinale) é fundamental no filme sendo uma das mais belas e tocantes de todas as trilhas cinematográficas (de encher o peito e até os olhos). É um filme lento, longo, de poucos diálogos, mas parece incorporar todos os faroestes já feitos, podendo ser visto como uma antologia dos westerns e de seus valores, porque provocou de certa maneira uma ruptura nesse estilo de filmes, demonstrando com outra visão e andamento que um far-west pode ser também um filme ótimo. Um filme realista, mostrando homens brutos, sujos, queimados do sol, em closes espetaculares (vitais para o diretor, os olhos azuis de Henry Fonda – que, aliás, venceu com maestria o desafio de interpretar um vilão, já que estava acostumado a papéis de “mocinho” em Hollywood), mas também um filme de visão romântica e universal, um “ópera-western” o definiria bem. Elenco fantástico, comandado por Henry Fonda, Jason Robards (já ótimo ator teatral), Claudia Cardinali (em papel feminino forte e importante para a época) e talvez o foco principal, Charles Bronson, que, misterioso, com sua harmônica – quase no final do filme é que se revela o segredo desse personagem solitário – entoa uma canção de agonia/horror, que, assim como os personagens, a trilha sonora e as paisagens da vastidão do velho Oeste, permanece por muito tempo em nossa memória. E a imagem final da ferrovia (divisora do bem e do mal…), do “cavalo de ferro” simbolizando a chegada da tecnologia, dos negócios e do progresso ao Oeste selvagem, finaliza o filme como se completasse um ciclo, pelo qual a barbárie começasse a se transformar, enfim, em civilização. 9,5