A ÚLTIMA VIAGEM DO DEMÉTER
O gênero do filme, da forma como ficou conhecido, não é “de suspense”, nem “de terror”: é “filme de Drácula” – e não há como esconder isso, na medida em que todo o apelo em torno do filme já divulga esse fato, inclusive o coloca em evidência na maioria dos posters. Mas aqui a aparência do vampiro não é a que costumamos ver, como por exemplo na famosa série protagonizada pelo inesquecível Christopher Lee. Ou seja, a forma não é a humana e sim mais de acordo com a concepção do original de Bram Stoker, ficando mais próxima de um vampiro mesmo, como um Nosferatu. Um ser de natureza predatória, do mal, sem qualquer verniz, embora, como se sabe, um morto-vivo. O livro Drácula foi publicado em 1897, quando o irlandês Abraham Stoker já era cinquentão (ele morreria 15 anos depois) e este filme se propõe a narrar os acontecimentos de uma parte do livro, precisamente o diário de bordo da viagem da escuna russa Deméter (nome da deusa da agricultura para os gregos), que transportava 50 caixas de madeira (de variados tamanhos) da Romênia para a Inglaterra. O título do filme já dá spoiler, mas na verdade nas primeiras cenas já ficamos sabendo que o navio chegou em destroços ao seu destino. Então, a história se passa inteiramente nessa viagem, em que a par dos dramas da época (1897), algo terrível se ocultava no navio e se manifestaria apenas quando viessem as sombras do escurecer. A maneira como os acontecimentos são narrados e principalmente todos os efeitos especiais, de som (leia-se qualidade do som e trilha sonora) e imagens (movimentos e ângulos de câmera, névoas) – ótima fotografia incluída -, criam um ótimo clima de muito suspense, com mistério e sustos e vísceras/sangue, típicos desse gênero de filme mas em um ambiente bastante diferente do habitual, o que torna tudo de certa forma bastante original. Para os fãs, imperdível. Para quem apenas aprecia o gênero, um bom divertimento e com momentos bem especiais que recomendam se assistir ao filme sozinho e sem distrações (inclusive de luzes): o que alguns devem considerar um grande desafio. 8,7