A TEIA DE RENDA NEGRA (MIDNIGHT LACE)
Com Myrna Loy, John Gavin e Roddy McDowall, este ótimo filme de suspense de 1960 é estrelado por Doris Day e Rex Harrison. Ele, já cinquentão, conceituado ator britânico de teatro e cinema; ela, atriz de muitos filmes (e de gêneros diversos) e também cantora – quem não lembra da canção Que sera, sera (Whatever will be, will be) do filme O homem que sabia demais de Hitchcock, de quatro anos antes? Ao contrário de grande parte dos filmes que fez e que foram do gênero comédia, Doris aqui tem um difícil papel em um drama com muito suspense e muito bem construído: e se sai maravilhosamente bem, sob a batuta do diretor David Miller (Precipícios d´alma). A tensão é permanente e o roteiro tece uma trama que vai se acentuando aos poucos e desfilando os personagens, que passam a criar em torno deles um desafiante clima de mistério e, portanto, tornando-se imediatamente suspeitos, em um cenário em que até os telefonemas acentuam o timming perfeito do suspense. Talvez alguns questionem o desfecho, mas nesse tipo de história o criminoso (ou criminosa) só depende da vontade e da escolha de quem cria o enredo, podendo ser qualquer um (motivação se acha). A título de curiosidade, alguns fatos do filme: por alguns segundos aparece o ator Hayden Rorke, que poucos anos depois faria o Major Bellows na série Jeannie é um gênio; o casal dorme em camas de solteiro, certamente fruto da censura da época; a personagem de Doris dorme maquiada e inclusive com batom; sempre impecável, ela desfila ao longo do filme diversos modelos de roupas, fato que deve ter servido de influência na época. Em suma, um suspense muito bem feito, com ótimo elenco e direção e um engenhoso roteiro, que cria em muitos momentos uma tensão quase insuportável na busca da solução do mistério, envolvendo inteiramente o espectador. Uma ótima diversão e com tal qualidade, que se mantém mesmo após 60 anos. 8,9