GOSTO DE CEREJA (TA’M-E GĪLĀS)

Este filme franco-iraniano de 1997, falado em persa (língua oficial do Irã), ganhou naquele ano o Festival de Cannes e foi conduzido pelo renomado cineasta iraniano Abbas Kiarostami, que também dirigiu os afamados Através das oliveiras e O vento nos levará. É uma obra que enfoca um acontecimento específico (e que desde o início desperta a curiosidade), mas que provoca reflexões sobre os sabores da vida, o significado da existência e outros temas relevantes, a partir das intenções insólitas do protagonista e do simbolismo dos cenários e de duas das frutas muito comuns na região: a amora e a cereja, esta última dando o título do filme (“gilas” em persa define as cerejas do tipo doces, cultivadas principalmente nas regiões montanhosas e com clima fresco). Somos donos de nossa vida e também de nossa morte. É uma produção que figura em todas as listas dos grandes filmes do Irã e em muitas relações dos melhores filmes de arte da história do cinema. As intenções do protagonista conduzem o filme de forma interessante e algo perturbadora, mas esse desenvolvimento se dá em ritmo bastante lento e exige público especial, sob pena de se tornar uma diversão cansativa. Mas a paciência exigida terá sua recompensa ao final, porque o desfecho do filme envolve questões que suscitaram as mais diversas discussões, sobre a interpretação mais correta e coerente com o intuito do roteiro. A solução do dilema certamente só pode ser apresentada pelo próprio diretor, ao revelar seus reais objetivos e que não ficam absolutamente claros à primeira vista (lembrando que, segundo as regras vigentes, tirar a própria vida era considerado crime hediondo). 8,7

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