BEIJANDO JESSICA STEIN

Uma comédia estilo “romântica”, de 2001, que propõe algumas reflexões e que por esse e vários motivos está acima da média. É daquelas histórias aparentemente bobinhas, mas que com bastante atenção e possibilidade podem nos fornecer muito material para pensar e sentir. O tema nos dias de hoje está mais do que batido, mas a história se passa em 2001, em Nova Iorque e envolve principalmente uma jornalista judia com muitas inquietações (ótima a atriz Jennifer Westfeldt, que também é escritora e cantora), de modo que as questões assumem um sentido mais palpitante: o quanto as pessoas estão presas às expectativas sociais e o quanto isso entristece ou limita as suas vidas. O filme segue esse caminho com grande sensibilidade, ótimas interpretações e mostra um mosaico de opções/variações, bem como as amarras sociais e familiares, embora também descortine múltiplas possibilidades de libertação e que o amor não depende de modelos e paradigmas, mas exclusivamente de sentimentos legítimos e de coragem para superar os problemas dos desencontros. A missão de cada um – e ao mesmo tempo o desafio – é, assim, encontrar sua verdadeira sintonia e seguir incontinenti o seu apelo, sem dar ouvido aos preconceitos. O tom de comédia é perfeito para tratar do assunto, ainda mais com o elenco coeso (onde também se destacam Heather Juergensen e Scott Cohen, com uma participação meteórica de Jon Hamm) e a ótima direção de Charles Herman-Wurmfeld (Legalmente loira 2). Os pontos negativos do filme, é bom ressaltar, segundo vários comentários, seriam algumas atuações medíocres e o final. Eu não senti dessa forma, vendo o lado positivo das coisas. E por esse motivo, considero que a pergunta que se pode fazer ao final, ainda mais considerando que a vida é curta e totalmente imprevisível, é a seguinte: temos, afinal, que dar satisfação aos outros e à sociedade sobre nossos sentimentos particulares e nossa intimidade? 8,8