O CÉU DA MEIA NOITE

Talvez a maioria dos filmes desperte nas pessoas sentimentos semelhantes e por isso geram uma crítica mais ou menos uniforme e que vai representar a opinião da maioria, que ou gosta ou desgosta do que viu. Com este filme produzido pela Neflix isso não acontece. Ele tem sido alvo de muitas críticas negativas e a nota no IMDB (Internet Movie DataBase) é bastante baixa: 5,6. Essa é uma plataforma geralmente confiável porque registra a opinião de centenas, milhares de usuários, sendo acessado o seu banco de dados por centenas de milhões de pessoas. No entanto, muitos não concordam com essas opiniões e neste caso colocam o filme em um nível totalmente distante da opinião da maioria, no caso em patamar elevado como obra cinematográfica. É onde me incluo, portanto divirgindo totalmente da opinião da maioria dos críticos e internautas. O filme tem clichês? Tem. Não há como negar. Aliás, um filme de ficção científica espacial dificilmente não vai ter padrões já bastante explorados. Só que aqui o detalhe que faz com que os clichês se evaporem ou passem despercebidos ou, ainda, fiquem insignificantes tem um nome: George Clooney. Além de interpretar muitíssimo bem um papel difícil, ele dirige o filme de forma magnífica, atento aos detalhes, apresentando imagens maravilhosas e de grande impacto e também sensível a momentos de enorme significado, causando muita emoção em diversas cenas (fora a beleza plástica inegável – cenas belíssimas e que inclusive provocam muita aflição e angústia). Portanto, Clooney conta uma história de um jeito que nos faz esquecer totalmente dos pequenos detalhes. Há cenas inesquecíveis, tanto sob o aspecto cinematográfico, como do próprio roteiro, que aborda temas existenciais e, passando-se em 2049, fala mais uma vez das explorações espaciais, mas principalmente do destino da humanidade, das relações e paixões humanas, dos arrependimentos, da vocação e da coragem, do sentimento de perda e de impotência…É um filme triste, melancólico, lento, mas feito com muita profundidade e com temas relevantes. Pelas diferenças nas críticas, conclui-se ser daqueles situados em um dos extremos: ou da paixão ou da indiferença. No que me diz respeito, atingiu em cheio minha sensibilidade, deixou impressões, sensações e reflexões que perduraram muito além de seu final (o que é uma referência da qualidade de sua mensagem) e serviu para aumentar ainda mais a admiração pelo ator/produtor/diretor George Clooney, que já entregou ao cinema anteriormente muitas obras marcantes, como Gravidade, Syriana, Amor sem escalas, Três reis, Um homem misterioso, Boa noite e boa sorte. Além de Clooney, de mais conhecidos atuam no filme Felicity Jones (A teoria de tudo, Rogue One, Suprema) e Kyle Chandler (Friday Night Lights, Bloodline, mas que ficou muito conhecido pela série Early Edition). Mas o fato é que além de todas as virtudes citadas, o filme encerra uma grande surpresa e aos mesmo tempo um grande enigma: quase em seu final, uma conversa entre os personagens de Clooney e Jones vai revelar fatos que colocarão verdadeiros pontos de interrogação na cabeça do espectador. Revelar esse mistério consiste em um fascínio a mais e que valoriza imensamente o belo roteiro.  9,0