ESPOSAMANTE
Acreditando que seu marido morreu, a esposa resolve refazer os trajetos dele, como viajante/negociante – em uma pequena carruagem, com um cavalo, inclusive adestrado a parar nos locais costumeiros -, passando a conhecer seus pontos de chegada, seus clientes, suas relações e até as suas atividades escusas e as anarquistas…com isso descobrindo coisas que sequer imaginava, passando a viver uma nova fase, uma nova vida de libertação…Sem saber, porém, que havia alguém observando…Laura Antonelli, a belíssima e também talentosa atriz italiana é a esposa. O marido, um dos maiores atores do cinema, Marcello Mastroianni. O filme, fora a excessiva utilização da música-tema, inclusive em momentos inadequados (muito comum nos anos 70), é bastante interessante e até nos faz acostumar com a tal música, inclusive porque quando a cena é propícia, ela se torna além de oportuna muitas vezes arrebatadora, como acontece na parte final do filme. O excelente roteiro aborda questões diversas, envolvendo a moral da época, o ateísmo e a religião, o patriarcado e a libertação feminina, a sexualidade reprimida etc., com subtextos (como dizem diversas leituras) que podem até render frutíferos debates. O filme, assim, é mais rico do que a princípio aparenta e também por essa razão virou um cult. Dramático e sensual ao mesmo tempo, merece o sucesso obtido pela sua própria qualidade cinematográfica, que ainda permanece: pela história, pela direção de Marco Vicário e pela extraordinária, emocional e vigorosa atuação de seu par central. 9,0