LEVIATÃ (AN)
O filme se passa na província de Murmansk, na Rússia, não muito longe da Finlândia e embelezada pelo Mar de Barents, no Ártico. Enfoca uma desapropriação iminente e uma luta árdua e desigual contra os interesses e forças do governo. Mas há coisas mais graves. Drama de maior intensidade irá dominar o filme a partir de certo ponto…O “Leviatã” do título é obviamente uma metáfora e deriva das teorias políticas de Thomas Morus, significando o “monstro” de um governo central forte…mas também no filme há referências ao monstro bíblico, marinho, que seria uma das primeiras e mais horrendas bestas a habitar a terra: expressa, quando o padre menciona Jó e sugerida, quando a câmera focaliza carcaças velhas, que parecem monstros…O leviatã também pode se chamar “Volvo”, em uma cena no final do filme e que é bastante crua e chocante. Filme russo, extremamente bem realizado e que venceu o Festival de Londres e também o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro 2015. Concorre ao Oscar com ótimas chances, embora Ida tenha ganho hoje (08.02.15) o Bafta de Melhor Filme de Língua Não Inglesa (o Oscar britânico) e eu pessoalmente prefira o excelente Relatos Selvagens. Mas é um filme de respeito, inclusive tendo gerado na Rússia inúmeras polêmicas, junto ao governo, à Igreja Ortodoxa Russa (en passant também criticada) e mesmo a alguns segmentos que não entendem legítimo o seu retrato, como um povo que vive bêbado (de fato, a vodka impera…) e oprimido pelo governo. Fatos que só comprovam a força e a atualidade da obra, que inicia e termina com a mesma música impactante e que traz em si inúmeros significados. 8,5