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VINGANÇA A SANGUE FRIO

Analisando o título em português (com a inoportuna e idiota palavra “vingança”) e o nome do “mocinho” (Liam Neeson), já fazemos uma prévia do que será o filme, afinal Neeson já foi “heroi” em diversas produções assemelhadas, onde acontece algum fato chocante e perturbador na vida pessoal do personagem, que em seguida, imbuído de um instinto e espírito de vingança, aliado ao seu treinamento especializado e à sua coragem e destreza, sai em perseguição desenfreada aos culpados pelos atos criminosos. Sempre com muito suor, sangue, violência, tiros, socos, perseguições, perigos inesperados etc, culminando com a esperada vitória do bem sobre o mal, embora sempre a duras penas. Só que aqui esse raciocínio não se aplica inteiramente. Embora estejam presentes, sem dúvida, vários dos elementos de sempre, típicos dos filmes de ação desse ator, aqui existe um diferencial, um refinamento totalmente inesperado: o senso de humor. O filme tem bom humor e várias situações que normalmente seriam pesadas aqui são atenuadas pela leveza do texto ou da própria ação. E temos, então, algo que pode ser até classificado em parte como comédia. Esse fator efetivamente diferencia o filme dos demais do gênero e o torna uma experiência bem agradável, porque ao fugir do lugar comum além de nos divertir, nos coloca sempre na espectativa do que virá. Ponto para o diretor Hans Petter Moland, que já nos havia apresentado uma situação levemente semelhante e também com muita ironia no ótimo filme O cidadão do ano (de 2014, com Stellan Skarsgärd), tendo também dirigido o premiado Os cavalos roubados, filme também de 2019. Aqui, como sempre, apesar do bom elenco e até mesmo da presença da ótima Laura Dern, embora em um papel bem modesto, o brilho todo se dá por conta do desempenho carismático de Neeson, absolutamente talhado para esse tipo de papel. Produção Netflix, boa diversão. 8,5