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VIDOCQ

Este é um filme francês de 2001 que passou meio despercebido. Ainda mais sendo com o sempre ótimo Gerard Depardieu, que sempre desempenha qualquer papel com força, carisma e total profundidade. O gênero é thriller policial com fantasia e se passa na França durante o reinado de Carlos X, por volta do ano de 1830. Já de cara o que chama a atenção é o som de alta qualidade. Ato-contínuo sentimos que é um filme invulgar e impactante, pelos movimentos de grande e variado fôlego da câmera (inclusive com ângulos diferentes, closes assustadores…), pelo próprio roteiro e pelo ritmo do filme, muitíssimo bem editado e com “roupagem” dos modernos clips de vídeo. Acompanhando tais virtudes e acentuando a tensão e o caráter sinistro das cenas, temos uma excelente trilha sonora (enquanto passam os créditos finais, também chama a atenção a música que toca). A direção de arte e os cenários realmente nos colocam na época e nos costumes do filme, em excelente trabalho de reconstituição de época. E a propósito da parte técnica, pelo que consta este filme foi um dos primeiros a utilizarem a tecnologia digital e na parte final é fantástica a concepção artística da cena dos espelhos. Na verdade, o que eu vi na tela foi uma espécie de homenagem velada aos romances policiais (de ação) de Arthur Conan Doyle, porque é muito grande a semelhança com as tramas de Sherlock Holmes (no caso, Depardieu, que inclusive é detetive e tem um parceiro): investigações policiais, pistas em busca do vilão, muitos desdobramentos paralelos, o uso racional para a resolução do mistério, pitadas sócio-políticas e alguma complexidade, como ocorrem nos casos mais estranhos e movimentados do famoso detetive de Baker Street e que só surgiria 60 anos depois. De todo modo, nada li a respeito, sendo essa uma ideia pessoal, minha. Mesmo que assim não seja, é um filme muitíssimo bem feito, interessante, original e atraente, que merece ser visto principalmente pelos fãs do gênero, mas também pelos fãs do cinema de mistério e ação. Também atuam com Depardieu, Guillaume Canet, André Dussolier e a bela Inés Sastre.  8,7