MINHAS TARDES COM MARGUERITTE (LA TÊTE EN FRICHE)
Como pode um filme tão simples deixar o coração tão repleto?!?! Porque extravasa sinceridade e belíssimas mensagens de ternura, generosidade, amizade, amor…Além de ser tocante, cativante e conduzido habilmente pelo talentoso diretor Jean Becker (o mesmo do ótimo Conversas com meu jardineiro), foi baseado no romance de Marie-Sabine Roger e apresenta ainda o extraordinário talento de Gérard Depardieu e Gisèle Casadesus (atriz de 96 anos!). A literatura serve como elemento vital nos contatos dos protagonistas, revestindo o filme de elegância, beleza e inteligência. A certa altura, a culta e bondosa senhora relê para o inculto – mas puro e gentil -homem trecho que havia chamado a atenção dele (e que na verdade é o oposto da vida que ele teve na infância) em um dos livros escolhidos por ela para o encontro: “Sempre se retorna ao túmulo da mãe para uivar como um cão abandonado. Não é bom ser tão amado, tão jovem, tão cedo. Acostuma-se mal…Como o amor materno, a vida, a madrugada, realiza uma promessa que não cumpre nunca. Cada vez que uma mulher me abraça e me aperta contra o seu peito, são só condolências.” Uma pequena joia francesa contemporânea (2010). 8,8