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TREM-BALA

Talvez algumas pessoas não se identifiquem muito com o estilo do filme, que mistura escracho com violência e que tem muito humor non sense e personagens estranhos. E muita ironia em cima do jeito de ser e de viver no Japão, tudo se passando dentro de um trem. Mas dinamismo não falta (é um filme que pode se definido como frenético) e para os amantes do cinema-diversão e principalmente para os fãs de Quentin Tarantino, é algo simplesmente imperdível. Realmente poderia facilmente ser algo assinado pelo Tarantino, mas, não sendo, certamente é de um admirador e que além de absorver muito do estilo também inova, com um roteiro extremamente interessante, criativo e imprevisível, repleto de ação e adrenalina. O ritmo é frenético, impossível desgrudar os olhos da tela e vemos um desfile de personagens e fatos, que se entrelaçam, conflitam, interagem e simplesmente não sabemos o que vai acontecer no segundo seguinte. Tudo filmado das mais variadas maneiras possíveis, com um requinte de imagens (inclusive em câmera lenta – destaque para uma magnífica cena quase ao final) e uma trilha sonora simplesmente magnífica, que vai de um ritmo e outro, de um sentimento a outro, sendo o filme inclusive um palco formidável para pitadas críticas e cômicas sobre a cultura oriental (provérbios, metáforas, crenças, tecnologia, propaganda, redes sociais) e de suas máximas e costumes, assim como o roteiro não poupa inúmeras temáticas comuns, brincando com o próprio cinema. O elenco é capitaneado por Brad Pitt, que está excelente e deve ter se divertido muito fazendo o filme, assim como todo o elenco, que é coeso e é todo ótimo. Revelar todos os nomes seria dar spoiler, mas tem vários rostos conhecidos. A montagem foi feita por experts e a direção de David Leitch (Atômica, Deadpool 2, Velozes e furiosos de 2019) é perfeita, inclusive porque esse diretor já foi também dublê, inclusive do Pitt. Muita ação, inclusive acontecendo ao mesmo tempo, suspense, violência e um tom permanente de humor, mas também muito esmero no realismo das cenas, fazendo todos se impactarem (embora à velocidade da luz) e grudarem na tela até a última cena, que fecha o filme com o mesmo toque cínico-filosófico-bem humorado que predomina ao longo de toda a história. 8,9