Imprimir Shortlink

QUARTOS VERMELHOS (LES CHAMBRES ROUGES – RED ROOMS)

Um drama canadense de 2023 (falado em francês, pois se passa em Montreal), gênero que envolve também crime, tribunal e muito mistério e suspense, com grande atuação da atriz Juliette Gariépy e também espetacular direção do canadense Pascal Plante. O filme começa como uma trivial história de um julgamento, embora se trate de crimes brutais e cometidos contra adolescentes, os quais repercutiram de um modo avassalador junto à mídia e à população – sendo acusado um sujeito de nome Ludovic Chevalier – pois foram assassinatos brutais, envolvendo sequestro, abuso sexual, mutilações, desmembramentos etc e transmitidos pela internet “black”. O título do filme se deve justamente ao fato de que o criminoso transmitiu seus atos bárbaros nos chamados “quartos vermelhos”, localizados na dark web (submundo da internet), de difícil e oneroso acesso, para indivíduos com gostos e desejos especiais (leia-se “doentios”), onde dão vazão aos seus fetiches e a seu voyeurismo. Ocorre que o chamado “Demônio de Rosemont” é acusado de três assassinatos, de meninas de 12 a 15 anos, mas a apenas dois vídeos a Justiça teve acesso e em nenhum deles o criminoso aparece com clareza, embora exista por parte da maioria da população e da mídia a certeza de ser ele o assassino, inclusive em razão de certos indícios e provas. Mas o filme, que poderia ser mais um daqueles denominados “de tribunal”, em pouco tempo de seu desenvolvimento já vai mostrando que é feito de matéria incomum e especial. Principalmente pela atmosfera que vai sendo construída e por uma personagem que deixa o espectador cada vez mais intrigado: quem é ela realmente? O que ela faz, afinal? O que ela pretende? Por que ela parece tão envolvida no caso e quais as razões das atitudes que toma? E junto com vários pontos de interrogação, a história vai-se tornando claustrofóbica, o suspense fica realmente perturbador e até o medo se instala, diante do desconhecido e do horror psicológico muitíssimo bem construído, inclusive com sagacidade e inteligência. Também com o mérito de não vermos qualquer cena de violência, mais uma vez valendo a lição do grande Hitchcock, que dizia que o que causa mais terror no espectador não é aquilo que é mostrado, mas o que é deixado a cargo da imaginação. O filme se torna, então, rico e atraente, discutindo os vários horrores e vulnerabilidades da vida moderna e mantendo várias indagações para além dos créditos finais. Também com uma trilha sonora à altura do suspense que se instala e perdura, uma experiência digna de nota e bastante intensa, na mente e no espírito do espectador. 9,0