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OS TRÊS MOSQUETEIROS: D´ARTAGNAN (LE TROIS MOUSQUETAIRES: D´ARTAGNAN)

Quando a gente pensa que se trata de um gênero já superado e que não há como ter emoções genuínas com o estilo de filmes “capa e espada”, vem uma história já batida – pois baseada em obra literária dezenas de vezes encenada e reprisada – e demonstra o contrário. Ainda há muita  empolgação a ser propiciada por esse gênero, neste caso com o roteiro baseado no famoso livro de Alexandre Dumas (pai), evocando as heroicas aventuras dos guarda-costas do Rei (Luís XIII) contra os inimigos do trono (incluindo a tropa do Cardeal Richelieu). São eles Athos, Porthos e Aramis, agregados por D´Artagnan, os intrépidos heróis e que constituem memória permanente (e eterna) no coração da literatura francesa. Aqui, no século 17, de grande precariedade, mas de Versalhes, conspirações, intrigas e perigos. O filme, na verdade, foi dividido em duas partes e esta é a primeira. A segunda será lançada apenas no final de 2023, início de 2024, e terá como referência no título a personagem interpretada pela ótima e bela Eva Green (Milady de Winter), Os três mosqueteiros: Milady. Esta produção, de mais de 70 milhõres de euros, procurou ser uma fiel à obra literária, mas, claro, uma total fidelidade seria esperar demais, pois o importante é uma história que traga muita diversão e ótima reconstituição de época, o que aqui efetivamente ocorre, em tom leve, drama-comédia, com várias cenas (inclusive nas belas sequências de lutas/duelos) que nos remetem às autênticas sensações/emoções de adolescentes ou mesmo crianças. Além disso, é um grande prazer ver um elenco de grandes atores franceses, sendo os mais conhecidos Vincent Cassel e Romain Duris, que interpretam personagens repletos do esperado carisma romântico típico do estilo de filme. Mas além dos dois, também atuam muito bem François Civil (D´Artagnan), Louis Garrel (o rei), Pio Marmaï (Porthos), Lyna Khoudri (Constance) e Vicky Krieps (rainha Ana). O diretor é o mesmo de Eiffel: Marin Bourboulon. Este filme, para resumir, é uma espirituosa e bem feita obra de ação, aventura, suspense e mistério, com luxuosa produção e belas locações, em ritmo que não nos deixa desgrudar da trama e em resgate ao velho e bom “capa e espada”, embora contando com as benesses da tecnologia atual, que nos brinda com belas cenas e enquadramentos. Talvez o único aspecto negativo a ser ressaltado (e também lamentado) – fora o cartaz, que poderia ser melhor – seja o da inserção totalmente forçada e fora de contexto, do homossexualismo de um dos principais personagens (e que, absolutamente en passant, acabou soando na verdade ridículo, causando o efeito oposto ao que se supõe desejado). De resto, comemorar que o cinema volta a produzir filmes desse estilo, tão despretensioso, quanto empolgante.  9,0