MORTE NO NILO
Quem assistiu a Assassinato no Expresso do Oriente há alguns anos (2017), do mesmo Kenneth Branagh e que aqui também faz o papel do famoso detetive belga Hercule Poirot, vai encontrar a mesma alta qualidade de produção, a mesma preocupação com os personagens, com a história, com detalhes e em tentar sintetizar em poucas horas a complexidade dos enredos da inigualável Agatha Christie. O filme é esteticamente muito bonito (maravilhosos cenários, mesmo com efeitos…), privilegiado por ser ambientado em um país repleto de imagens monumentais, fascinantes e icônicas e tem uma trilha sonora também caprichada, contando com um ótimo elenco, onde se destacam, para os homens, o talento e a beleza de Gal Gadot (a Mulher Maravilha) e, para as mulheres, de Armie Hammner (Me chame pelo seu nome). De resto, todos interpretam muito bem seus papéis – que em filmes do gênero exigem um “comportamento” especial -, sendo também sempre prazeroso ver atuar Annette Bening. O ponto negativo do filme é justamente o habitual: não há como reproduzir as cuidadosas e habilmente traçadas tramas dos livros da escritora para um filme de duração convencional ou de pouco mais que duas horas. São muitos os melindres, os detalhes, é extremamente bem elaborada a teia de armadilhas e pistas do livro para confundir o leitor, coisa que o cinema tem êxito em fazer apenas algumas vezes, mas nem sempre. Pelas próprias dificuldades naturais, não pela falta de talento de quem adapta Agatha Christie para a telona. De todo modo, quem não conhece a história, vai acompanhar fascinado os acontecimentos, tentando fazer as conexões certas, coletar as pistas possíveis e adivinhar quem matou… Para quem já conhece toda a resposta ao mistério (meu caso), boa parte do encanto do filme se desfaz, mais ainda restam bem vivos os demais detalhes já enaltecidos do esmerado trabalho (mais um) de Branagh. 8,5