MINHA FAMA DE MAU
O título do filme faz referência ao cantor Erasmo Carlos, o homenageado principal com esta biografia, assim como presta tributo à Jovem Guarda, movimento musical da década de 60 e liderado por Roberto Carlos, que a partir de certo momento e após a efervescência seguiu carreira solo. O forte do filme não são seus aspectos técnicos, nem a caracterização dos personagens (quem por sinal, em nada lembram os artistas em questão), mas a nostalgia que provoca ao reviver o Teatro Record, o movimento e a loucura que se propagou em torno dele, com as fãs incontroláveis (como ocorria com The Beatles), auditórios cheios e barulhentos e os novos ídolos cantando belas e inocentes músicas de iê-iê-iê (saídas do rock in roll, paixão comum dos artistas da época), com trajes e adereços coloridos e às vezes bizarros, acompanhados de conjuntos-base. O jeito de vestir e de se comportar e principalmente as belas e empolgantes (e eternas algumas) músicas acabam sendo a razão principal do filme, vale dizer, a emoção! Há algumas cenas ruins, falta de unidade, mas o filme mostra com ótimo ritmo a fase áurea do programa de TV comandado por Roberto e dos sucessos todos, bem como também aborda a época difícil por que passou Erasmo, a chegada concorrente e esvaziadora da Bossa Nova (até se menciona uma crítica de Elis à Jovem Guarda) e, depois de tudo, encerra com uma cena memorável entre os dois que viriam a ser uma dupla inseparável de amigos: Roberto e Erasmo Carlos (muito bom o ator Chay Suede), sintetizando o que o filme tenta mostrar, embora se saiba que os fatos podem não ter ocorrido bem dessa maneira…Mas, como dito, o que manda aqui (e na nota do filme) é só a emoção de reviver esse movimento, suas cores e sua música! Quem se deixar levar apenas pelo coração (e talvez tiver a idade certa…) vai apreciar! 8,9