JORNAL 64

Na realidade o filme tem como base acontecimentos graves passados, mas é como se fosse um mero drama policial de ficção. Mas não é comum. Primeiro, porque é dinamarquês, um cinema que tem se notabilizado através dos anos por ótimas produções, principalmente no gênero, um policial que mantém o suspense o tempo todo: um thriller, portanto, mas com um formato totalmente diferente do cinema ianque. Segundo, porque, embora a trama vista no papel seja até corriqueira, está inserida em um filme da série do Departamento Q (setor da polícia encarregado de causas tidas como perdidas ou encerradas), o que significa qualidade e densidade, tendo como fatores principais os seus personagens. A personalidade de cada um é muito bem desenvolvida e aprofundada e esse elemento é o que dá a tônica do filme e o singulariza, valorizando-o também e colocando-o bem acima da média das produções concorrentes. E terceiro, porque também foi baseado em obra literária de grande sucesso na Dinamarca, sendo o quarto filme da série. Foram filmes anteriores, retratando os dramas do mesmo setor da polícia dinamarquesa e os mesmos agentes: Departamento QO guardião das causas perdidas, O ausente e Uma conspiração de fé. Todos com o mesmo tipo de atração, inclusive pelo personagem muito bem construído do detetive Carl Mork, circunspecto, solitário, meio neurótico e de seu colega quase totalmente oposto. Fotografia, trilha e direção ótimos também compensam qualquer lugar comum.  8,0