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GUERRA CIVIL

As críticas deste filme são tão surpreendentemente oscilantes, quanto o filme foi surpreendente para mim. Variam entre 1 e 5 estrelas, ou seja, entre os que o detestaram (boa parte da crítica) e os que o adoraram. Eu gostei muito e fui até surpreendido, porque esse tipo de superprodução geralmente subestima a inteligência do espectador e é apelativa, repleta de chavões, chantagens sentimentais, efeitos especiais e de ação, sem se ater a um mínimo de bom senso e ao desenvolvimento dos personagens. Aqui, ao contrário da expectativa, tirando uma ou outra situação que foge do contexto, no geral o filme é um espetáculo visual, mas bastante equilibrado em todas as suas engrenagens, trazendo um ótimo desenvolvimento para o roteiro, ao construir de forma interessante e instigante a difícil abordagem de uma guerra civil nos tempos atuais e nos EUA, com suas consequências físicas e emocionais. Estados americanos separatistas, caos por todo o lado, terrorismo, forças armadas, violência disseminada, desolação em várias cidades e o horror acontecendo de forma intensa e descontrolada, inclusive em grandes centros, como Nova Iorque e Washington. As cenas são muito bem feitas e os personagens desenvolvidos muito mais profundamente do que geralmente ocorre em filmes desse gênero. O elenco é coeso e comandado por Kirsten Dunst e o brasileiro Wagner Moura, contando também com as boas performances de Stephen Henderson, Caille Spaene e a rápida mas perturbadora participação de Jesse Plemons. Na verdade um road movie em sua maior parte, explorando até com coragem alguns pontos vulneráveis da época em que vivemos, expondo medos e fragilidades no imprevisível trajeto em meio a cidades e pessoas abandonadas, cercadas por dor, morte e a incerteza quanto ao futuro. Interessante também o aspecto envolvendo o papel da imprensa no cenário geral, que permeia todo o filme. O diretor é Alex Garland, o mesmo do excelente Ex machina e a produção é anglo-americana de 2024, drama, ação e ótimo suspense. 8,9