DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA (TWELVE ANGRY MAN)
No Oscar de 1958 este filme concorreu a Melhor filme, Melhor diretor e Melhor roteiro e perdeu nas três categorias para A ponte do rio Kwai. E Henry Fonda, com uma memorável atuação, sequer foi indicado a melhor ator. Difícil explicar, a não ser por fatores políticos/pessoas evidentes que hostilizavam o ator, com fama de ser contra qualquer tipo de preconceito. Todo o elenco na verdade é muito bom e vários personagens se destacam, entre eles os interpretados por Martin Balsam, Lee J. Cobb e Jack Warden. A história, como o próprio título e o cartaz denunciam, concentra-se em um corpo de jurados e a decisão que devem tomar em um julgamento de homicídio. Todo o filme enfoca nos jurados reunidos, tendo de decidir pela inocência ou pela culpa e não podendo apresentar ao juiz uma decisão dividida. E é aí que entra um estudo dos mais interessantes sobre a natureza humana e suas oscilações e fraquezas. Seja pela pressa, pelo preconceito, pela teimosia, pelos instintos básicos ou qualquer outro favor, o ser humano falha e pode mudar de opinião a cada momento, conforme seja conduzido em seus pensamentos, emoções e intintos/reflexos. E é esse lado ao mesmo tempo débil e fascinante dos seres humanos que o filme explora e escancara. E com grande impacto, porque aqui se trata de definir a vida ou a morte. Os argumentos do filme são muito bem transmitidos pelo ótimo roteiro, havendo ótimos diálogos entre os jurados, cada um com seu temperamento, sua origem, sua história, suas qualidades e seus defeitos. E o roteiro passeia seguro nesse mar de inconstâncias e incertezas, nos conceitos da moral e da ética, pelas mãos do brilhante diretor Sidney Lumet (Sérpíco, Um dia de cão, Rede de intrigas, O veredito), que faz um belo e psicológico estudo do indivíduo em um meio supostamente democrático ao qual deve ser amoldar para demonstrar a civilidade que todos esperam mas que nem sempre está fácil ao seu alcance. O filme também acaba passando uma lupa sobre o instituto do tribunal do júri, deixando ao espectador o julgamento final sobre todos os fatos que envolvem esse delicado e complexo universo. Excelente fotografia e enquadramentos (ângulos de câmera), belos cortes, interessante o calor dentro da sala intensificando a angústia e os ânimos e o figurino formal dando lugar à informalidade, enquanto os debates ficam mais acalorados. E no final das contas ficamos pensando em quanto o preconceito pode influenciar em importantes decisões em nossas vidas. Também de interesse citar que conforme observam os críticos, o réu é um latino e não um negro, mas na época os Estados Unidos eram um país ainda segregacionista, o que torna alguns pontos do roteiro mais contundentes. 9,0