CORINGA – DELÍRIO A DOIS

A surpresa desse filme – e que pode desgostar muita gente -, além da participação de Lady Gaga (na verdade uma boa atriz), é ser recheado de músicas. Não tem sido classificado como um musical, mas de fato cria muitos momentos paralelos (de delírio, de sonho etc) em que tanto a atriz, quando o grande Joaquin Phoenix, interpretam várias canções. A verdade, porém, é que o filme, músicas à parte, não se compara com o primeiro Coringa (que foi magnífico e é realmente muito difícil de ser igualado) e que muitas ideias aqui não se realizam a contento, havendo momentos no filme que soam como excessivos ou até aborrecem. Mesmo assim, é uma obra que apresenta de forma original os fatos do mundo do crime e personalíssimos de um personagem extremamente insólito, valendo-se de inúmeras acrobacias cinematográficas (enfoques, ângulos e efeitos) e principalmente do poder dramático e delirante do próprio Coringa e do ator que novamente lhe dá vida de forma magistral: mais um belíssimo trabalho, portanto, desse intérprete extraordinário, que é Phoenix, mostrando a decadência e a loucura do difícil personagem que é Arthur Fleck, de uma maneira absolutamente intensa e única. Também atuam no filme, de mais conhecidos, os sempre excelentes Brendan Gleeson e Catherine Keener. O diretor é uma vez mais Todd Phillips, que certamente se encantou com Gaga no filme que também dirigiu dela: Nasce uma estrela. Encerrando: apesar da quantidade de críticas negativas, o filme está longe de ser ruim, apenas não podendo ser comparado com a obra anterior. 8,6