STAR TREK – ALÉM DA ESCURIDÃO
É difícil para mim, fã da série antiga, comparar essa turma nova do Jornada das Estrelas, principalmente com o Capitão Kirk de William Shatner e com o Spock de Leonardo Nimoy (que aparece neste filme dois da nova fase, com a avançada idade atual…certamente como uma homenagem especial ao mito). Na verdade, os de 1966 – todos, sem exceção – são insuperáveis (será nostalgia???) e a nova estratégia da série – após vários filmes que não emplacaram, com seres estranhos… – foi a de abandonar a inovação de personagens e voltar aos mesmos da série original: só que no início de suas carreiras. A ideia foi boa e na verdade é a única que pode talvez, com o tempo, criar outra legião de fãs ou até satisfazer – com reservas – os antigos. O ator Chris Pine tem seu carisma e faz bem o papel do Kirk novo (embora às vezes realmente pareça novo demais para tanta responsabilidade…); Spock também tem em Zachary Quinto um ator compenetrado; e vemos com prazer o sempre competente e veterano ator Bruce Greenwood (Pike). Mas um dos que mais brilha no filme certamente é o vilão, interpretado pelo Sherlock Holmes Benedict Cumberbatch. A direção é, claro, é muito boa, considerando tratar-se do criador de Lost, JJ. Abrams. Mas visto o filme sem intenções de comparação e sim como obra nova, como deve ser, penso que o fundamental a ser analisado, a par da ação, é o enredo. Nesse sentido, gostei mais do primeiro filme, o Star Trek de 2009. Quanto à ação, vi o filme em 3-D e naturalmente é recheado de suspense, cenas com efeitos especiais, som e imagens mirabolantes/estonteantes. Ocorre apenas que até a metade do filme há pouquíssima inteligência e criatividade. Porque deve haver no Jornada, o tempo todo, suspense inteligente, dilemas, situações-limite, para colocar à prova a coragem, o heroísmo e a extraordinária capacidade de decidir rápido e agir de Kirk (e até de Spock). E isso só ocorre a partir da metade do filme, quando o roteiro parece se aproximar do fascínio que os fãs da série exigem. Então, indo para a parte final, sim, um thiller com roteiro bem costurado, muito suspense e ação e novamente, perto do final e para emocionar, as frases que abriam a série antiga sendo proferidas quase 50 anos depois (…audaciosamente indo, onde nenhum homem jamais esteve), acompanhadas da música que se tornou famosa e ao redor imagens de alta tecnologia. Aí arrepia. 7,7