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UM HOMEM CHAMADO OVE

Este é um filme repleto de humanidade, feito por quem sabe contar uma história. Para emocionar, mas da maneira boa e sem chantagens emocionais. Trata-se de uma comédia dramática que conta uma história de vida, sem grande originalidades mas de uma forma muito bonita e competente. E o mais importante: por quem tem talento para fazê-lo. Com méritos o filme foi selecionado para representar a Suécia no Oscar 2017, concorrendo a Melhor Filme Estrangeiro. Os dramas existenciais do personagem ríspido, rabugento e amargurado, a vizinhança, o ritmo, tudo flui muito bem, criando um enredo comovente e que ao mesmo tempo diverte e faz pensar. Algo com a delicadeza dos grandes filmes, mas ao mesmo tempo com uma simplicidade, como a da própria vida se a resumíssemos em seus elementos essenciais. A perda, como consequência do tempo e da própria existência em torno de um personagem muito interessante, um homem de idade com suas manias quase intoleráveis e que de repente sai de um emprego no qual já estava há 43 anos, vendo toda a sua rotina exigir a devida e difícil adaptação. Tudo perde o sentido, ainda mais diante do mundo atual (nesse ponto, o filme é crítico da juventude, dos costumes…aliás, a parte final tem grande conotação social !). Mas o tom é leve, singelo, a trilha sonora adequada e a direção efetivamente assumida por quem entende: Hannes Holm. A interpretação, soberba do protagonista (Rolf Lassgård). Agradável, tocante (as cenas com Sonja dão encanto ao filme, mas ao mesmo tempo contém um sofrimento palpável)…uma obra muito bem cuidada, em todos os detalhes, tomadas, ângulos, a fotografia em si, cenas contendo a síntese necessária e com algumas pitadas de humor negro, de um personagem que apresenta uma roupagem dura, mas que por dentro é apenas um ser humano tentando sobreviver a despeito de suas perdas. E como se diz, a parte final do filme já vale o ingresso!  9,0