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TONI ERDMAN

Concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, este é um filme diferente, sendo insólito principalmente na sua parte final. São dois mundos tentando se adaptar: o do pai, que interpreta um personagem (com maquiagem e dentadura postiça e que o acompanha absurdamente) e faz apresentações em asilos, simples, sem qualquer sofisticação no comportamento e o da filha, que seguiu outro rumo na vida e agora é uma elegante executiva envolvida nos negócios e em todos os meandros da vida social, inclusive o lado de bajular clientes, frequentar recepções etc. A interpretação natural e perfeita dos atores traz realidade para as diferenças, que se acentuam em cada cena e que mostram o vazio de um relacionamento que se perdeu com o tempo e que ambos, pai e filha, tentam acomodar ou resgatar, embora no fundo sem esperanças ou perspectiva de que isso seja possível. Um cena chocante é aquela em que a filha menciona pejorativamente o ralador importado que o pai lhe deu de presente, algo que para ele representou um deferência especial, mas que para ela nada significou perto da vida material a que se acostumou. Por outro lado, a cena do monstro na praça é de uma singeleza mas profundidade impressionantes. Um filme alemão que faz a gente sentir o vazio da vida moderna, a dificuldade de expressar emoções, a distância entre as gerações. A dificuldade de pai e filha em mostrar afetividade é algo tocante e incômodo ao mesmo tempo e esse fato demonstra a qualidade do filme e sua mensagem a respeito da necessidade de se repensar conceitos e comportamentos, lutando contra os efeitos da modernidade e da evolução natural. Quem nunca se sentiu assim? Torcendo para o elevador chegar logo pela falta de assunto com seu interlocutor?!? 8,0