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POR TRÁS DOS SEUS OLHOS (ALL I SEE IS YOU)

Um drama (EUA-Tailândia), que acaba sendo um thiller, isto é, drama com suspense. Se lermos o roteiro, não encontraremos nada de muito destaque em termos de originalidade. Entretanto, a maneira como a história é contada é que se mostra aqui essencial: o trabalho de direção, edição, trilha e fotografia é muito bom realmente. O ritmo muito bem dosado e o estilo do diretor (a forma) é que valorizam o conteúdo. Eis o “achado” do filme: a “forma” compensando um conteúdo relativamente frágil, embora se possa ler algumas metáforas nas entrelinhas. E embora também não haja uma boa química entre o par central (ele, Jason Clarke). Mas temos, então, um filme que desperta e vai mantendo o interesse e se revelando cada vez mais intrigante, mérito também da ótima atriz Blake Lively (A incrível história de Adeline, Águas rasas…) e dos momentos de crise mostrados, em que se percebe nitidamente o naufrágio de um relacionamento, o instante da ruptura e do desencanto. E a questão passa a ser a das alternativas para resgatar o que parece ser irrecuperável. Haverá saída? Será ela lícita, moral ou ética?  E na sequência, aparece ainda uma surpresa para se agregar aos ingredientes até então bem manipulados. Contudo e também surpreendentemente, o que vinha bem sofre uma repentina e severa mudança: uma forte quebra. O estilo do diretor que era a mágica, passa a produzir efeito contrário, a forma perdendo contato com o conteúdo, as doses passando a ser mal aplicadas, criando um emaranhado sem harmonia, sem sentido lúcido e que rompe com a primeira parte do filme e com a atenção/sensação que até então provocava. Ficamos torcendo para que sejam passageiros esses momentos, mas infelizmente duram até a cena final, que é o desfecho da pressa e do superficial que se instala, como se o orçamento exigisse soluções rápidas. Uma pena essa parte final, embora mesmo assim, pelo conjunto todo, o filme mereça alguma apreciação.  7,7