Imprimir Shortlink

O SAL DA TERRA (THE SALT OF THE EARTH)

l_3674140_c63b0c17Não é a toa que esse documentário sobre a vida e a obra do fotógrafo social Sebastião Salgado abriu o Festival do Rio 2014, foi indicado ao Oscar 2015 de Melhor Documentário, recebeu o prêmio especial do júri, da seção “Um certo olhar” no Festival de Cannes 2014, e ganhou o César da categoria (o Oscar francês): é uma obra perfeita, realizada pelo filho dele, Juliano Ribeiro Salgado, e pelo festejado cineasta alemão Wim Wenders. Com a maior parte narrada pelo próprio Sebastião, dando colorido aos fatos ilustrados pelas maravilhosas/colossais fotografias – tiradas ao longo de vários projetos fotográficos, pelo mundo todo -, o filme começa com o impressionante relato (inclusive fotográfico!) de Serra Pelada e prossegue por diversos lugares do mundo, com enorme conteúdo poético e humano, mostrando muitos contrastes entre a beleza e os dramas humanos (o filme é tão belo, quanto pungente!). Tão densos e chocantes, que após cobrir por vários anos os fatos sociais na África (Etiópia, Ruanda, Mali…), o fotógrafo se recolheu por um tempo, totalmente abatido e desesperançado com os próprios seres humanos. O documentário é extremamente bem feito, em parte falado em francês (Salgado ficou mais de 10 anos longe do Brasil, na época da ditadura militar), dando a sensação de que não se poderia fazer nada melhor para contar a história de um homem idealista com a sensibilidade da fotografia correndo em suas veias: uma verdadeira radiografia, de sua obra e do alcance social da mesma (na visão também íntima do filho), tentando sensibilizar as pessoas e os governos para problemas de gravidade e interesse mundiais. Enaltecendo também a esposa Lélia, como valiosa colaboradora e organizadora dos trabalhos para fins de seleção e publicação (dos álbuns e das coleções), assim como peça vital quanto ao impulso criativo do marido, “Sal da terra” são as próprias pessoas que habitam o planeta e o filme realmente é  digno de Oscar, deixando no final, com o “Instituto Terra” e o impressionante reflorestamento realizado ao longo de mais de uma década, uma lição ecológica tão bela quanto fundamental, revestida com a esperança e a certeza de que por mais devastada que seja a natureza, é sempre possível recuperá-la, com amor, esforço e determinação. O título do documentário também é genial, tendo sido criado com o significado acima, mas também fazendo referência ao nome do homenageado. E como se extrai do próprio texto, testemunhamos aqui, para nosso orgulho de cidadãos e de brasileiros, um homem hoje com 71 anos e que sempre “foi movido pela empatia com a condição humana”, utilizando sua arte para espalhar importantes mensagens, em nobre missão de conteúdo humanitário! A nota dentro do gênero não pode ser outra:  10,0