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NA ESTRADA (ON THE ROAD)

O ótimo Walter Salles ficou muitos anos envolvido com o projeto de levar para o cinema o livro de Jack Kerouak (“Pé na estrada”), escrito em 1957 e que influenciou pessoas e até gerações (a geração Beat, por exemplo). E valeu a pena se dedicar tanto e até percorrer o caminho dos personagens, porque este road movie lançado em 2012  –   com produção de Francis Ford Coppola, que havia comprado os direitos do filme na década de 80 –  se mostrou um trabalho muito bem acabado, de consistência superior à maioria dos filmes do gênero – obviamente, entretanto, não se deve comparar o filme com o livro, até por não ser possível, não só pela flagrante diferença entre cinema e literatura, mas principalmente pelo contexto no qual o livro foi escrito e os efeitos que gerou. Enquanto os personagens (um deles seria o próprio Jack Kerouak) cruzam os EUA de ponta a ponta, nas décadas 40 e 50, o mundo vai sofrendo transformações culturais e eles vão experimentando os limites da liberdade, com todos os excessos permitidos (sexo, drogas…), inclusive com irresponsabilidade, amoralidade, mas também enfrentando o paradoxo de nem sempre ser possível a coexistência da liberdade e da felicidade. Haverá arco-íris no fim da estrada?, questiona o filme em determinado momento. É a busca de algo que não se sabe definir…mais fácil aos 18, 20 anos… No final das contas, há um preço a ser pago e a realidade pode também trazer o amargor e até a crueldade. Ótimo trabalho também do elenco comandado por Sam Riley, Garret Headlund e com Kristen Stewart (aqui totalmente diferente do seu papel em Crepúsculo), Kirsten Dunst, Vitto Mortensen e Amy Adams, que apresentam personagens ricos e verossímeis.   7,8