Imprimir Shortlink

LA TENEREZZA (A TERNURA)

O que sentimos em nossa alma quando a vida parece nos permitir recomeçar certos caminhos e tentar corrigir os erros? Mas, primeiramente, cabe fazer um alerta: apesar de se tratar de um filme de conteúdo, ótimo elenco, direção, produção, tudo no lugar, italiano, é um drama pesado, que trata de algumas questões difíceis e que causarão algum impacto, aliás, como a própria vida o faz às vezes. Assim, aqui o conceito de “diversão” fica um pouco afastado, para nos concentrarmos exclusivamente na sétima arte que é o cinema e suas outras diversas facetas além do puro entretenimento. Este é um filme, então, a ser apreciado pelo público adequado e, principalmente, em um momento propício. Porque seu protagonista é um homem velho, cínico em seu amargor e sua história desfila muitas dores. As quais Renato Carpentieri traz à tela com maestria, protagonizando a história de um homem já na terceira idade, que vive só e que vê nos filhos já adultos os inquietos “ratos herdeiros em busca de queijo”, tendo inclusive a percepção de que com o tempo deixou de amá-los. Mas em um cenário de dias que se sucedem, a rotina subitamente vai mudar e a existência correta e monótona do velho homem será afetada, iniciando então o verdadeiro drama, a partir do qual diversas reflexões e ações acontecerão (felicidade, solidão, perdas, conflito de gerações, comportamento da juventude atual…). Lentamente. Porém, profundamente. E a cena final, sutil, belíssima para muitos, possui um significado de grandeza sem tamanho para coroar toda uma história esculpida ao longo do tempo e de muitas cicatrizes, abrindo janelas que haverão de se banhar de sol. Com Giovanna Mezzogiorno interpretando a filha e Micaela Ramazzotti a vizinha, um filme dirigido por Gianni Amélio e que ganhou quatro importantíssimos prêmios Nastro – concedido anualmente e há mais de 70 anos pelo Sindicato Nacional dos Jornalistas de Cinema Italianos, que é a associação dos críticos de cinema italianos – : Melhor Filme, Diretor, Ator e Fotografia (Luca Bigazzi).  8,0