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HANNAH ARENDT

hannah-arendt-la-controverse Um filme com “F” maiúsculo. Sério, profundo, envolvendo um tema nada comum e ainda assim palpitante. No final das contas, uma questão filosófica envolvendo o “Mal”. Não há como não admirar uma escritora, professora, filósofa discípula de Heinegger, que tem a coragem de reportar um julgamento que aparentemente teria um veredito fácil, a favor da humanidade e contra um célebre nazista assassino de judeus em massa na II Guerra (Eischmann, julgado em Jesuralém) de maneira como ela viu, pessoal, única e perturbadora…Hannah Arendt teve essa coragem e com isso enfrentou muitos problemas e preconceitos. A fúria de uma raça. O filme toca em questões tão intimamente ligadas ao ser humano, aos conceitos de humanidade, que mais do que tangenciar a ética, a filosofia, a sociologia, atinge o coração e emociona profundamente, fazendo refletir e expandir nossa alma em direção à história e à coragem que foi e é exigida para que certas pessoas venham a público expressar exatamente o que pensam, sem os limites do medo..entender não é defender…a essência da filosofia é a objetividade…o mais chocante pensamento que os nazistas procuraram impor foi o de ser o Homem supérfluo…ao alegar obedecer ordens e por isso ser inocente, Eichmann se despojou do elemento que caracteriza o ser humano:  a capacidade de pensar e com isso poder escolher caminhos e valores éticos… Transcrevo parte do artigo de Celso Lafer – O Estado de S.Paulo: “Fui assistir ao filme sobre Hannah Arendt, da diretora Margarethe von Trotta, com a sempre presente dedicação de estudioso da obra da grande pensadora e com a curiosidade de ver, como antigo aluno, como ela foi, ao mesmo tempo, representada e apresentada…A compreensão pela posição de Arendt revela-se na cena em que explica a seus estudantes o porquê das suas razões. Sua fala no filme mostra o domínio que tem Von Trotta do seu pensamento. Mostra, também, como era bom e respeitoso o seu relacionamento com os alunos, que nada tinha que ver com a arrogância intelectual e a falta de tato de que foi acusada por seus detratores. Da qualidade pessoal desse relacionamento dou testemunho de quem teve o privilégio de ouvir de viva voz os seus socráticos ensinamentos”(PROFESSOR EMÉRITO DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS) . Complexo para explicar, saboroso para se assistir, com o intelecto, sim, mas com o coração também. 9,0