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A GAROTA DA NÉVOA (LA RAGAZZA NELLA NEBBIA)

Dentro do gênero (filme policial, com suspense, investigação de desaparecimento/assassinato…), um filme de alto nível e que sem sombra de dúvidas se destaca, com roteiro de primeira linha. Para quem gosta de thrillers policiais, um filmaço italiano, protagonizado pelo carismático Toni Servillo (que interpreta o agente Vogel) e com a presença sempre forte de Jean Reno, entre outros. Já de início ficamos sabendo do desaparecimento de uma garota, em um povoado localizado em isolado vale montanhoso, local de frio e neve (e o ambiente amplia o espectro da história). A partir daí, com a chegada da polícia e depois da imprensa, vamos acompanhando passo a passo os fatos (o impacto midiático) e as investigações. Uma das grandes questões do filme é a vaidade (“o maior pecado do diabo”), bem como os singulares métodos de trabalho do inspetor – cuja personalidade já é atípica -, confrontado inclusive por um caso famoso no qual teria usado todas as armas possíveis para levar um suspeito ao tribunal. O que parecia querer reprisar, fazendo com que a certa altura lhe dissesse uma repórter sobre o investigado e a própria mídia com veredito antecipado: “ninguém quer saber se você é ou não inocente…”. Interessante acompanharmos os fatos como detetives, sem nada sabermos além do que a própria polícia sabe e irmos passo a passo tentando construir as respostas e desvendar o mistério. Um filme estilo “investigativo” e que apresenta algumas surpresas e importantes e até inesperadas reviravoltas – inclusive a partir do aparecimento em cena da sempre excelente Greta Scacchi (que quando jovem foi musa). O filme foi indicado para quatro prêmios “David Di Donatello” 2018:  Melhor novo diretor, Melhor roteiro, Melhor design de produção e Melhor edição. E realmente tem todas essas qualidades, inclusive ótima fotografia, sendo seu diretor o próprio roteirista Donato Carrisi, que inclusive escreveu o filme a partir de um dos livros policiais de sua autoria! Filmado na região Trentina e também de Carezza, é um filme muito bem acabado e que envolve intensamente o espectador da primeira à última cena. Em sua parte final apresenta um toque bizarro, quando uma conhecida e belíssima música brasileira serve de fundo para uma cena sinistra e ao mesmo tempo triste: ouvir a linda voz de Beth Carvalho nunca foi tão terrível e impactante!  9,2